Pessoal, a última aula de
2011da escola dominical dos adolescentes foi sobre hospitalidade. E contamos
com uma professora artista, Liz Valente, que através dos seus traços foi nos
narrando a virtude cristã da hospitalidade.
A
aula foi registrada a partir do desenho abaixo. Para quem foi na aula será
fácil lembrar através dos desenhos, já para os demais... difícil!
A aula foi preparada a partir de uma palestra do L'Abri sobre
hospitalidade, ministrada pela Vanessa Belmonte, obreira do L'Abri Brasil.
Para
conhecer mais sobre o L'Abri visite: site e blog
Precoce é a
pessoa que faz alguma coisa antes do tempo esperado. É o caso do mineiro de
Nanuque que se converteu aos 7 anos de idade durante uma escola bíblica de
férias ministrada pela própria mãe; que se despertou para o trabalho
missionário aos 14 anos ao ouvir uma pregação do próprio pai; que ingressou num
seminário teológico logo após completar 18 anos; que se formou em teologia e
casou-se um mês depois de comemorar o 23º aniversário; que arrumou as malas e
se mudou com a esposa (ele com 26 anos e ela com 24) para uma aldeia bem no
interior de um país africano para prestar assessoria à igreja Konkomba em Gana
e consultoria antropológica e missiológica a países da África e da América do
Sul; que traduziu o Novo Testamento inteiro para uma das línguas dos Konkomba
em sete anos e meio. Desde 2001, Ronaldo Almeida Lidório, 40 anos, casado com a
enfermeira e obstetra Rossana Vivianne Gassett Lidório, 38, tem se dedicado ao
plantio de igrejas, à análise lingüística e tradução da Bíblia e ao
desenvolvimento humano e social na Amazônia indígena. O casal tem uma filha
(Viviane) de 17 anos e um filho (Ronaldo Junior) de 15, e mora em Manaus.
MISSÕES ENTRE OS KONKOMBA
Os Konkombas formam uma nação tribal que habita o nordeste de Gana,
noroeste africano, onde são faladas 8 principais idiomas subdivididos em 23
dialetos. Todas essas etnias são denominadas pelo governo de Gana como
"Konkombas" e algumas outras como "Kombas", sendo porém
estes nomes alienígenas às próprias tribos.
Desde 1994 o casal de missionários Ronaldo e
Rossana Lidório está envolvido no propósito de alcançar um ramo da tribo
Konkomba, que se intitula Bimonkpelns (ou "homens que vivem"), na
região de Koni ao nordeste de Gana, uma população superior a 70000 habitantes.
Em 2006 foram contabilizadas 23 igrejas e 6000
convertidos em 21 comunidades. Até o momento, foram treinados biblicamente
cinco evangelistas e 30 presbíteros. Outros 60 líderes estão em treinamento
através de cursos de vida cristã que estão sendo ministrados pelos
evangelistas. No total, 87 líderes estão ativos nas diversas igrejas e
ministérios, sendo apenas os cinco evangelistas sustentados pela Igreja e com tempo
integral para o trabalho.
Em 2011, por iniciativa própria, a Igreja
Konkomba organizou um grupo de irmãos para a tradução do Antigo Testamento para
a língua Limonkpeln. Além disso, igrejas têm sido plantadas no norte do Togo,
totalizando 48 entre Gana e Togo, com uma multiplicação de líderes a frente de
cada uma destas igrejas.
TRADUÇÃO DA BÍBLIA
Por Ronaldo
Lidório
Revista
Ultimato edição 290
Finalizações freqüentemente nos trazem alívio e alegria. Especialmente
aquelas que são fruto de uma longa espera.
Nesses dias, estamos particularmente alegres
pela conclusão do processo de tradução do Novo Testamento para a língua
Limonkpeln, um dos dialetos do povo Konkomba, em Gana, África. A figura que me
vem à mente neste momento é a do início, quando Labuer e eu sentávamos embaixo
de uma árvore próxima à minha casa e durante 3 ou 4 horas por dia trabalhávamos
na ortografia da língua Limonkpeln. Na época, visávamos apenas fazer uma
cartilha e alfabetizar o povo em sua própria língua.
Foram 7 anos e meio de trabalho — um trabalho
silencioso e sem resultados empolgantes durante o seu processo. No início os
Konkomba não entendiam o porquê daquele olhar pensativo, das horas e horas
sobre um computador, daquele monte de livros por todo lado. Ficavam a me
observar durante o dia, de longe, sussurrando baixinho uns com os outros.
Aos poucos a Igreja nasceu e alguns rascunhos
começaram a ser usados. Eles aprenderam a amar a Palavra e, a cada dia, surgiam
inúmeras perguntas. Os resumidos capítulos em mãos tornaram-se rapidamente
insuficientes para a demanda espiritual. Publicamos, então, Mateus, Atos e
Romanos, que foram recebidos com expectativa. O povo memorizava textos inteiros
e discutia as aplicações em reuniões sem fim. A Igreja, vendo nosso esforço, se
autodesafiou a cooperar. Começou a orar e jejuar para que tivesse a Palavra na
sua língua, o Novo Testamento completo. Passei a me sentir constrangido (e às
vezes acuado) quando resolvia tirar uma tarde livre para brincar com as
crianças. Por meio de uma mensagem silenciosa, a Igreja parecia censurar-me.
Afinal a prioridade deveria ser trabalhar na tradução. Apenas o plantio de
igrejas, que fazíamos em viagens pela região, sobrepunha ao anseio da tradução.
Era necessário progredir.
Em 1997, os líderes da Igreja
Konkomba-Limonkpeln resolveram se envolver diretamente no processo. Sabiam que
eu possuía um ajudante lingüístico, com tempo parcial. Decidiram “separar”
outros três com tempo integral. Cuidariam das roças desses ajudantes para que
se dedicassem às correções do texto. Esses quatro amigos abençoados — Labuer,
Balabon, Tiagri e Naason — tomaram paixão pelo trabalho e também aprenderam a
trabalhar dia e noite. Creio que, nos últimos 7 anos e meio, jamais houve um
dia sem que se trabalhasse no texto do Novo Testamento.
Rossana e as crianças sempre foram
benevolentes com meu tempo usado na tradução. Até hoje Ronaldo Junior, quando
indagado onde estou, prontamente responde: “Papai está no computador fazendo
uma Bíblia” — não importa o que de fato eu esteja fazendo. Eu procurava
concentrar o trabalho sempre à noite, depois que todos dormiam. Era mais fresco
e havia a quietude necessária.
Outro dia juntei todo o material utilizado,
desde a tradução primária até a retrotradução, passando pelas cinco correções
gerais. São pilhas e pilhas de papéis, centenas de e-mails trocados com
consultores, inúmeras cartas em português, inglês, Konkomba, mais de 30 livros
de consulta utilizados. O resultado cabe na palma da mão, em apenas um CD.
A força da Igreja Konkomba mostrou-se ainda
mais viva na última correção. Eu precisava que a equipe fizesse uma última e
minuciosa leitura do texto. A Igreja então separou uma casa e preparou-a com o
cenário de quietude necessário para o trabalho, pedindo que, durante um mês,
ninguém se aproximasse. Trouxe os quatro ajudantes lingüísticos, que ali
permaneceriam durante 3 semanas e meia. Designaram mulheres da Igreja, boas
cozinheiras, que proveram o alimento necessário, e do melhor. Assim,
praticamente isolaram esse grupo naquela casa até completarem a tarefa,
cobrindo-os de oração.
Entre tantos colaboradores, um precisa ser
mencionado primeiro. O Rev. Francisco Leonardo Schalkwijk era diretor do
Seminário Presbiteriano do Norte quando, logo no início do meu curso naquela instituição,
abordou-me com a pergunta: “Você quer ser missionário entre povos sem o
evangelho?” Depois de ouvir uma temerosa resposta positiva, passou a
aconselhar-me. Um dos conselhos cravou no meu coração: “Estude bem o grego e
você economizará anos de trabalho na tradução”. Um outro colaborador silencioso
foi Mebá, o primeiro convertido entre os Konkomba-Limonkpeln. A cada texto lido
durante as correções, ele sempre interrompia, dizendo, benevolente: “Está muito
bom e todos vão entender. Mas, se utilizasse esta ou aquela expressão, ficaria
parecendo que foi escrito por um Konkomba...”
Falemos do presente. O sentimento ao entregar
o texto é surreal. Pensei que sentiria algo entre alegria e alívio, mas senti,
sobretudo, temor. E se pudéssemos melhorar a expressão usada para
“longanimidade”? Não teria sido imprudência optar por “sacrifício” o termo que
historicamente tem sido usado no animismo fetichista? E “Espírito Santo” que,
explicativamente, teve de ser traduzido por “Espírito que é puro e é pessoa, não
apenas força”? Certamente ficou longo para nós, mas talvez não para uma cultura
onde a maioria dos espíritos não é personificação, e, sim, energia impessoal. A
numerologia bíblica em uma língua em que se conta até 500 (depois disso as
regras mudam para um discurso binário extenso) torna-se muito complexa. Os
“144.000” de Apocalipse 14 tomaram cinco linhas.
O Konkomba-Limonkpeln é uma das três
principais línguas do povo Bikpakpaln, conhecido como Konkomba pelos de fora.
De fato, este não é um termo usado ou mesmo conhecido pela maioria para se
identificar. Eles habitam as savanas no nordeste de Gana e noroeste do Togo.
Formam etnias fortes, com grave valorização da cultura e orgulho de sua língua.
No país são conhecidos como Tiwoor aanib (povo do mato), por preferir se isolar
em regiões mais distantes. No imaginário popular são agressivos e senhores de
guerras. Mas, na verdade, são extremamente hospitaleiros e leais. Para eles a
maior vergonha é mentir. A maior virtude é honrar os pais já velhos e tê-los na
memória quando se forem. Os filhos são criados por todos, e não há órfãos. A
Wycllife trabalha há décadas com uma das etnias, os Bichaboln, a qual possui a
Bíblia completa em seu idioma. Nós iniciamos o trabalho com uma segunda etnia,
os Bimonkpeln. E ouvimos recentemente sobre um esforço metodista em alcançar a
terceira etnia, os Bisachuln. Parece-me que Deus tem um plano para esse povo.
PROJETO AMANAJÉ
Atualmente, o missionário Ronaldo Lidório e sua esposa Rossana lideram na
Amazônia o Projeto Amanajé, um trabalho de médio e longo prazo com povos
indígenas, de alcance missionário e desenvolvimento de programas sociais
relevantes. A missão do casal foi, inicialmente, diagnosticar uma área de necessidade
evangelística dentro do universo indígena amazônico, organizar uma equipe e
prepará-la para o Projeto.
Lidório conta que o primeiro passo foi a
realização de alguns mapeamentos na Amazônia, quando ele e Rossana puderam
dispor de fotos via satélite, informações do missiólogo Paulo Bottrel da AMTB (Associação
de Missões Transculturais Brasileiras) e outros bancos de dados. Eles
percorreram aproximadamente três mil quilômetros em diversos rios e áreas
indígenas e identificaram duas áreas com graves necessidades, nas quais se concentraram.
A equipe do Projeto Amanajé é formada por 11
pessoas que realizam um trabalho missionário junto a comunidades, na selva, no
Alto Rio Negro, e estão aprendendo uma das línguas tribais.
Atualmente, o Projeto está na terceira fase:
o desenvolvimento estratégico do processo evangelístico multi-étnico e dos
programas sociais que envolvem saúde e subsistência em áreas carentes.
Igrejas locais e irmãos sustentam voluntariamente
cada missionário do Projeto, e os próprios missionários sustentam a sua área de
atuação ministerial. Há também um fundo através do qual cada missionário contribui
para manter os bens comuns como canoas e motores. A Visão Mundial e o grupo
Hebron cooperam com a manutenção de alguns projetos sociais.
ENTREVISTA DA REVISTA ULTIMATO COM LIDÓRIO (ANO 2006)
Revista
Ultimato edição 303
Ultimato— A população indígena, que diminuía a cada ano no Brasil, voltou a
crescer. Qual é a explicação?
Lidório — Calcula-se que havia 1,5 milhão de indígenas em 1500, os quais
somam hoje pouco mais de 350.000, configurando um dos maiores processos
etnofágicos nos últimos 500 anos. Porém, a população indígena, que diminuía a
cada ano, voltou a crescer de forma animadora nas últimas décadas. A existência
de programas de saúde que previnem e tratam as doenças em geral, e também as
mais específicas como a malária, possuem uma contribuição acentuada. Programas
de subsistência têm auxiliado ao prover mais proteínas e vitaminas em áreas
indígenas onde o alimento se resumia quase que puramente ao carboidrato. A
presença missionária também é responsável por inúmeros programas de
desenvolvimento humano porém sua principal marca social é a valorização da
língua materna, provendo grafia e gerando programas de alfabetização que
asseguram a identidade lingüística e, conseqüentemente, cultural, em diversas
etnias. Há casos, como o dos Dâw do Amazonas, em que os missionários da
Associação Lingüística Evangélica Missionária (ALEM) realizaram um verdadeiro
resgate lingüístico-cultural. Era uma etnia que pouco falava sua língua, vivia
dispersa e excluída em um contexto urbano e quase perdera por completo sua
identidade indígena. Ao encontrá-los hoje, vivendo em sua aldeia com alegria e
dignidade, é visível o sentimento de cidadania e humanização. Falam sua língua
com prazer e a ensinam aos seus filhos. Viver sua própria cultura os define
como gente perante um universo onde outros também expressam abertamente seus
valores culturais. Identidade cultural faz bem à alma.
Ultimato— Você está fazendo o mapeamento da região amazônica. Qual a
finalidade do mapeamento?
Lidório — Estou envolvido na pesquisa de algumas áreas. O objetivo
central é identificar ajuntamentos humanos com graves carências sociais e
espirituais. As estatísticas convencionais que definem os agrupamentos
indígenas não expressam em profundidade a situação social, o índice de
preservação lingüística, o relacionamento intercultural com outras etnias da
região e com os não-indígenas, entre outros. Esses dados são importantes para o
desenvolvimento de programas cujo objetivo seja contribuir de maneira relevante
com esta realidade. A ONG ATINI, por exemplo, que luta contra o infanticídio
que ocorre em abundância no contexto indígena brasileiro, é resultado de longa
observação por parte da JOCUM dessa prática social entre o povo Suruwahá e
outros grupos. A pesquisa ajuda-nos a identificar os pontos de tensão e a
participar na solução de conflitos.
Ultimato— Quantos grupos indígenas temos hoje no território
nacional? Pode haver outros?
Lidório — Os dados divergem de uma listagem para outra por considerarem,
ou não, alguns grupos ainda não reconhecidos oficialmente como indígenas. Creio
ser seguro, porém, pensarmos em 258 grupos indígenas com identidade definida no
Brasil, além de outros cinqüenta ainda isolados. Grupos isolados são aqueles
que não possuem contato com o mundo externo, e normalmente não se sabe se são
uma variação cultural de um grupo já reconhecido ou se são novos. Muitos grupos
indígenas estão em fase de extinção — extinção não necessariamente
populacional, mas cultural e lingüística. Aryon Rodrigues estima que, na época
da conquista do Brasil, eram faladas 1.273 línguas, ou seja, perdemos 85% de
nossa diversidade lingüística em 500 anos. Das línguas sul-americanas, 27% já
não são aprendidas pelas crianças. Esta é uma extinção silenciosa que mata não
apenas a língua mas também a identidade e a esperança de muitos povos.
Ultimato — Você é a favor da tradução da Bíblia para grupos lingüísticos
reduzidos, com uma população de cem falantes, por exemplo? Por quê?
Lidório — O critério bíblico segundo o qual uma alma vale mais do que o
mundo inteiro mostra que na economia de Deus a carência de um único indivíduo é
o suficiente para qualquer esforço. E, se observarmos a tradução bíblica de
perto, veremos que ela não é um processo isolado, mas uma atividade associada à
grafia de uma língua, sua análise, desenvolvimento de cartilhas, alfabetização
e fomentação de registros históricos e culturais pelo próprio povo, que
contribuem para sua afirmação humana e social. Quando um povo lê a Bíblia em
sua língua materna, este exercício possui um profundo valor tanto espiritual
quanto sociocultural. Desta perspectiva, talvez a tradução bíblica seja ainda
mais prioritária para os grupos minoritários, mais suscetíveis à perda
lingüística e cultural, do que para os grandes grupos. Na África tivemos
contato com o casal Stevenson, que traduzia a Bíblia para um grupo de quatorze
pessoas cuja língua era uma variação lingüística dos Bikuln. Gastaram ali mais
de 25 anos de suas vidas e, ao entregarem um dos livros do Novo Testamento nas
mãos de um jovem da tribo, ele afirmou que entendera que o amor de Deus não é
proporcional ao tamanho da tribo, pois Deus ama igualmente uma grande etnia e
um pequeno grupo de quatorze pessoas. Creio que ele entendeu bem.
Ultimato — O sonho indígena de uma terra sem
males pressupõe que os indígenas acreditam na vida após a morte? Eles têm
alguma noção da ressurreição do corpo?
Lidório — Várias culturas indígenas possuem uma cosmologia definida pelo
aquém e pelo além, a qual inclui o conceito de vida eterna em uma terra sem
males. Esta cosmovisão mais escatológica da vida pode ser identificada não
apenas entre os indígenas mas também em diversos outros grupos espalhados pela
terra. Os Konkomba de Gana crêem que o pacham é um lugar para onde irão os que
morrem já bem velhos e com muitos filhos. Os Chakali falam sobre o báthan como
sendo o destino pós-morte de todo homem, sendo que aqueles que não enganaram o
próximo terão comida em abundância. O restante viverá da boa vontade do
primeiro grupo. A convicção de uma terra sem males entre os indígenas
brasileiros é, em alguns casos, tão enfática que pode ser relacionada como uma
das possíveis causas da abundância de suicídios. Quando um jovem se vê sem
saída, ou envergonhado, ou ainda profundamente melancólico, por vezes opta pelo
suicídio, não apenas como uma maneira de fugir do conflito pelo qual passa, mas
movido também pela convicção de que o mundo pós-morte será melhor, sem dor. Há
poucos registros, porém, sobre crenças ligadas à ressurreição do corpo em
culturas indígenas.
Ultimato — Onde você passa mais tempo: com a família, em Manaus; com os
indígenas, em suas tribos; ou em viagem pelos rios da Amazônia?
Lidório — Neste ano nos mudamos para Manaus por ser um ponto central
para nossas viagens e atividades no Norte. Como faço várias viagens por ano,
dentro e fora do Amazonas, passo muito tempo fora de casa. As viagens fluviais
na Amazônia são as mais longas, pois envolvem distâncias consideráveis. Porém
aproveitamos bastante o tempo juntos em família. Quando estamos em casa, nossos
filhos, Vivi e Ronaldo Junior, têm prioridade de tempo e atenção. Também temos
um compromisso de passar de dois a três meses, a cada dois anos, na África para
treinamento de liderança.
Ultimato — Como você se sente fora da chamada civilização, em plena mata, em
contato com a beleza exuberante da natureza não poluída?
Lidório — Tanto na África quanto na Amazônia, o sentimento de estar em
um lugar remoto com pouca intervenção humana é fascinante. Observar o verde
intocado da Amazônia, por exemplo, nos faz pensar muito no poder de Deus,
Criador de algo tão belo e cativante. No entanto, depois de viver nesses
ambientes mais distantes por algum tempo, perde-se um pouco do romantismo e os
desconfortos da privação das facilidades nas quais fomos criados passam a ser
mais sentidos. Em Gana, na África, passávamos até seis meses na aldeia viajando
apenas duas vezes por ano para uma área urbana. Quando chegávamos à capital,
Accra, meu maior prazer era apertar um interruptor e ver a luz acender. O de
Rossana era abrir uma torneira e ter água corrente. Quando perguntávamos ao meu
filho caçula, ainda pequenino, do que ele sentia falta na aldeia, ele
respondia: Do McDonald’s!
Ultimato — Segundo dados do governo, em 2005 16.700 quilômetros quadrados da
floresta amazônica foram transformados em terras agricultáveis, com a derrubada
de 1 bilhão de árvores. A Amazônia poderá vir a ser uma região independente do
Brasil por sua importância no cenário mundial?
Lidório — A destruição da floresta é assunto preocupante, porém não
ocorre de maneira uniforme na Amazônia. Em algumas áreas indígenas, como no
Alto Rio Negro, por exemplo, não é perceptível. Nos arredores de Porto Velho,
Rondônia, é evidente. Creio que o problema está localizado especialmente
próximo a centros urbanos, onde se escoa mais facilmente a madeira, e em
setores de expansão agrícola, onde há grandes queimadas. Não creio que a
Amazônia venha a ser independente justamente por sua importância nos cenários
mundial e, conseqüentemente, nacional. Penso que o desenvolvimento da política
de conservação ambiental só acontecerá quando ela for trabalhada com a
população local — que é a única capaz de coibir o desmatamento, seja por não
praticá-lo, seja por fiscalizar aqueles que o praticam. Políticas externas
dissociadas de uma consciência local não surtirão efeito.
Ultimato — A relação entre a FUNAI e as missões indígenas está melhor agora?
Lidório — Minha impressão é que há uma boa relação que caminha para se
consolidar. O trabalho da FUNAI é relevante e desafiador, tendo em mente a
diversidade étnica indígena no Brasil e sua função de fiscalizá-la. Hoje
vivemos um momento em que também cresce o movimento missionário formado pelos
próprios indígenas. O CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes
Indígenas) tem demonstrado de forma acentuada essa força. Costumo dizer que a
necessidade humana é a mesma, em qualquer cultura e contexto, e é preciso
juntar forças para minimizá-la. Apenas a roupagem muda. Ao lembrar-me do
indígena excluído e discriminado, sem alimento nem dignidade, nas margens do
rio Solimões, percebo nele a mesma dor e constrangimento do rapaz urbano e
também excluído, sentado na calçada em uma rua de Recife, invisível na
multidão. Jesus, ao falar sobre um homem judeu caído ao longo do caminho e
socorrido por um samaritano, nos aponta que as crises humanas são idênticas e
ocorrem em qualquer sociedade. Muda apenas a roupagem externa, como língua,
cultura, cosmovisão e contexto.
Ultimato — Qual foi o trabalho que você e
Rossana desenvolveram em Gana na década de 90?
Lidório — Fomos para Gana em 1993 e lá permanecemos até 2001, quando
viemos trabalhar na Amazônia. Na África atuamos com a etnia
Konkomba-Limonkpeln, uma das quatro etnias Konkomba, com plantio de igrejas e
tradução bíblica, e desenvolvimento de projetos sociais na área de educação e
saúde. Pela graça de Deus há hoje ali 23 igrejas, pastoreadas por cinco
pastores Konkomba. Várias delas foram plantadas por iniciativa do próprio povo.
A clínica médica, que atende mais de 6 mil pessoas por ano, e as escolas, que
educam mais de 400 crianças, são totalmente dirigidas pelos Konkomba. Um dos
ministérios naquele lugar que encheu nosso coração foi a tradução do Novo
Testamento para a língua Limonkpeln. Fomos despertados para essa necessidade
porque no início os crentes vinham de aldeias distantes para participar de
estudos bíblicos na aldeia onde morávamos, Koni. Passavam alguns dias conosco e
memorizavam versículos que transmitiriam a outros. Uma mulher veio de
Kadjokorá, uma aldeia que ficava a quatro dias de caminhada. Ela também
memorizou os treze versículos e participou do encontro. Voltando para sua
aldeia, depois de dois dias de caminhada, ela esqueceu um dos versos. Não
pensou duas vezes. Voltou aonde estávamos e disse que estava ali porque a
Palavra de Deus era preciosa demais para se perder ao longo do caminho.
Memorizou de novo o verso e recomeçou sua jornada de quatro dias de caminhada
para casa. Naquele momento nos comprometemos com a tradução do Novo Testamento
para o Limonkpeln, que, pela graça de Deus, foi entregue em outubro de 2004 em
uma linda festa com cerca de mil Konkombas louvando a Deus sob a sombra de
algumas mangueiras.
APLICAÇÃO
E será pregado (Kerygma)
este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho (Martíria) a todas as nações. Então, virá o fim. Mateus14:24
Há dois termos largamente usados no Novo Testamento que retratam o
caráter cristão: proclamação e testemunho. O termo grego para ‘proclamação’ é
‘Kerygma’: a forma estratégica e inteligível de comunicar a mensagem do
evangelho. É a Igreja se preparando, estudando e analisando as possibilidades
de comunicar o evangelho a um grupo, seja uma pessoa, família ou povo. Isto é
Kerygma.
‘Martíria’ é o termo grego para ‘testemunho’
e sempre está ligado ao Kerygma. Entretanto ‘Martiria’ não é uma proclamação
inteligível e estratégica como encontro de casais, acampamentos evangelisticos,
evangelismo explosivo ou células familiares. Martiria é testemunho de vida, a
personalidade transformada pelo Senhor. É domínio próprio em casa, ser justo
com os empregados, ser brando no falar. É ser a imagem de Jesus.
A Igreja foi chamada para ser primeiramente
Martírica – viver com fidelidade tudo aquilo que crê - e só então assumir uma
postura Kerygmática.
O versículo de Mateus nos ajuda a responder 3
perguntas importantes a cerca da missão da Igreja:
1.O que será pregado?
O evangelho deverá ser pregado, e o evangelho nada mais é que Jesus, a
boa notícia de Deus.
2.Como será pregado?
O evangelho será comunicado através da dupla proclamação e testemunho,
ou seja, anunciando e vivendo o evangelho aonde nos encontrarmos.
3.Aonde será pregado?
O evangelho será pregado em todo lugar, e prioritariamente e com persistência
aos povos ainda não alcançados.
Extraído da pregação de Ronaldo Lidório no VI CBM (Congresso Brasileiro
de Missões) em 2011.
Roma, a maior e mais esplêndida das cidades antigas funcionava como um Iná para os povos. Capital e símbolo do império, ela presidia magistralmente sobre todo o mundo conhecido. Embora fosse um judeu, Paulo havia herdado a cidadania romana de seu pai, e desde a infância deve ter sonhado com a visita à cidade. Ele deve ter imaginado o que representaria toda aquela grade cidade estar totalmente evangelizada, a Igreja em Roma crescendo, estar consolidada e cheia de visão missionária. Que centro para a irradiação do evangelho Roma poderia ser!
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”. Atos 1:18
Foi um momento dramático quando o piedoso e humilde apóstolo de Jesus Cristo se colocou diante do representante dessa mundana e moralmente corrupta família dos Herodes que, geração após geração, se colocava contra a verdade e a justiça. O fundador, Herodes o Grande, havia tentado eliminar o menino Jesus. Seu filho Antipas, tetrarca da Galiléia, decapitou João Batista e mereceu do Senhor o título de “raposa”. Seu neto Agripa I matou Tiago, filho de Zebedeu. Agora, vemos Paulo diante do filho de Agripa. Mas Paulo não estava nem um pouco intimidado.
Jesus havia prevenido seus discípulos que seriam levados diante de reis e de governadores por causa de seu nome e que em tais ocasiões lhes daria palavras de sabedoria (Lc 21:12-15). Jesus também havia dito a Ananias (que deve ter transmitido essa informação) que Paulo era o seu instrumento para levar seu nome aos gentios e seus reis e diante do povo de Israel (9:15). Essas predições se cumpriram!
“E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações”. Marcos 13:10
Uma discussão
bastante comum na Igreja contemporânea é sobre a relação da proclamação do
evangelho e a promoção da justiça na evangelização e missão da Igreja. Qual é o
mais importante? O que vem antes?
O movimento de Lausanne nos ajudou
muito nesta temática, lembrando-nos da missão inacabada de proclamar o
evangelho a toda criatura e ao mesmo tempo não se esquecer de que o evangelho
deve promover mudanças profundas na nossa sociedade combatendo o mal, um tema
muito comum nos ensinos de Jesus e dos apóstolos.
MOVIMENTO LAUSANNE
A história de
Lausanne começa com o evangelista Dr. Billy Graham. Como
ele começou a pregar internacionalmente, ele desenvolveu uma paixão para
"unir todos os evangélicos na tarefa comum de evangelização total do
mundo".
John Stott e Billy Graham
Em
1966, a Associação Evangelística Billy Graham, em parceria com a revista
americana “Christianity Today” (Cristianismo Hoje), patrocinou o Congresso
Mundial de Evangelismo em Berlim. Este
encontro atraiu 1.200 delegados de mais de 100 países, e inspirou outras
conferências em Cingapura (1968), Minneapolis e Bogotá (1969) e Austrália
(1971). Pouco
depois, Billy Graham percebeu a necessidade de um congresso maior e mais
abrangente para discutir a missão cristã em um mundo de muita agitação social,
política, econômica e religiosa. A
Igreja, ele acreditava, devria aplicar o evangelho ao mundo contemporâneo, e
trabalhar para compreender as ideias e os valores por trás das mudanças rápidas
na sociedade. Ele
compartilhou seu pensamento com 100 líderes cristãos, provenientes de todos os
continentes, e juntos organizaram o primeiro congresso de Lausanne.
Em
julho de 1974, cerca de 2.700 participantes e convidados de mais de 150 nações
se reuniram em Lausanne, na Suíça, durante dez dias de discussão, adoração,
comunhão e oração. Dada
a variedade de nacionalidades, etnias, idades, ocupações e igreja afiliadas, a revista
“TIME” descreveu como "um fórum formidável, possivelmente a reunião mundial
mais representativa e abrangente dos cristãos já realizada".
O
congresso contou com a participação de alguns dos pensadores cristãos mais
respeitado do mundo na época, incluindo Samuel Escobar, Francis Schaeffer,
Henry Carl e John Stott. Numa
das assembleias, o missionário presbiteriano Ralph Winter introduziu o termo "povos
não alcançados", lembrando que milhares de grupos étnicos permanecem sem
um único cristão, e sem acesso às Escrituras na sua língua, de modo que a evangelização
transcultural precisava ser a tarefa primordial da Igreja.
A
grande conquista do congresso foi o desenvolvimento do Pacto de Lausanne. John
Stott presidiu o comitê de redação e é melhor descrito como arquiteto-chefe. O
pacto foi uma aliança com Deus e declarado publicamente, sendo um dos
documentos mais amplamente utilizado na história da igreja moderna. O
Pacto tem ajudado a definir a teologia evangélica e sua prática, e montado o
palco para muitas novas parcerias e alianças. No
último dia do congresso, o documento foi publicamente assinado por Billy Graham
e pelo bispo anglicano Jack Dain de Sydney, na Austrália. Desde
então, o pacto de Lausanne foi assinado pessoalmente por milhares de crentes, e
continua a servir de base para a unidade e uma chamada à evangelização global.
Mais
de 70% dos presentes no congresso pediram que uma comissão fosse estabelecida
para dar continuidade a discussão que se iniciara. Em
janeiro de 1975 este grupo, nomeado pelo congresso, reuniu-se na Cidade do
México com o Bispo Jack Dain na cadeira. Alguns
membros pressionado por um foco exclusivo na evangelização, outros a favor de
uma abordagem mais ampla, holística. O
Comitê concordou em um objetivo unificado para "promover a missão global
da Igreja, reconhecendo que nesta missão o evangelismo é primário, e que a
nossa preocupação especial deve ser o [então 2,7 bilhões] de pessoas não
alcançadas do mundo. Este objetivo continua a caracterizar o Movimento Lausanne”.
Desde
1974, dezenas conferências relacionadas com Lausanne têm sido convocadas. Encontros
globais que incluem a Consulta sobre Evangelização Mundial (Tailândia 1980), a
Conferência de Jovens Líderes (Cingapura 1987 e Malásia 2006), o Fórum para a
Evangelização Mundial (Tailândia 2004). Lausanne tem inspirado muitas redes
regionais como ABUB (Aliança Bíblica Universitária do Brasil), RENAS (Rede
Evangélica Nacional de Ação Social), Rede Miquéias, entre outros.
O
segundo congresso principal, conhecido como Lausanne ll (Manila, Filipinas,
Julho de 1989) atraiu 3.000 participantes de 170 países, incluindo Europa
Oriental e da União Soviética, mas, infelizmente, não a China. Lausanne
ll produziu o Manifesto de Manila, como uma expressão corporativa de seus
participantes.
O
Terceiro Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial foi realizada em Cape
Town, África do Sul, entre os dias 16 e 25 de outubro de 2010. O
objetivo do Cape Town 2010 foi estimular o espírito de Lausanne, conforme
representado no Pacto de Lausanne, e assim promover a unidade, a humildade em
serviço, e uma chamada à evangelização global. Cerca de 4.000 líderes de 198
países compareceram como participantes e observadores.
Em sua palestra no 1º
Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em Lausanne, Suíça,
em julho de 1974, o teólogo argentino C. René Padilla lembrou que, por trás do
êxito de José no Egito, de Ester na Pérsia e de Daniel na Babilônia, estava o
testemunho desses três notáveis servos de Deus. A influência deles em três
diferentes nações politeístas do Oriente Médio em três diferentes épocas
resultou na abertura de muitas portas e em acontecimentos jamais esperados. Na
evangelização a credibilidade da igreja e dos crentes vale mais do que qualquer
outra coisa. Quem não vive o que diz crer e o que anuncia deve calar-se. Pois a
sua pregação seria, na verdade, uma evangelização ao contrário. É por essa
razão que São Francisco de Assis dizia com certo sarcasmo: “Evangelize sempre;
se necessário, use palavras”.
Tullio
Ossana, professor de teologia moral em Roma, afirma que a evangelização depende
em grande parte da capacidade e das virtudes do evangelizador, que deve ser
fiel e merecer credibilidade, deve levar consigo a força e a capacidade do
profeta, deve acolher e viver em si mesmo a mensagem que anuncia, deve saber
amar o homem que, através da mensagem, Deus quer salvar.
Nada
disso é novidade. Pois Jesus, antes de enviar os doze para pregar o evangelho e
curar os doentes (Lc 9.1-6), antes de enviar os setenta “a todas as cidades e
lugares para onde ele estava prestes a ir” (Lc 10.1) e antes de enviar os
discípulos pelo mundo todo para pregar o evangelho a todas as pessoas (Mc
16.15), disse-lhes claramente: “Vocês são o sal para a humanidade; mas se o sal
perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada [senão para ser]
jogado fora e pisado pelas pessoas que passam” (Mt 5.13, NTLH). Jesus reforça o
papel do testemunho, acrescentando: “Vocês são a luz para o mundo” e essa luz
“deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem
o Pai de vocês que está no céu” (Mt 5.14,15, NTLH). O que somos (por dentro e por
fora) e o que fazemos pesa muito mais que o que anunciamos verbalmente.
Precisamos ser o que Jesus foi: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”
(Jo 9.5).
Paulo
reforça o discurso de Jesus e diz que nós somos o bom perfume de Cristo: “Como
um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que
Cristo seja conhecido por todas as pessoas” (2 Co 2.15, NTLH). Na mesma
epístola, Paulo insiste mais uma vez na eficácia do testemunho: “A única carta
[de apresentação] que eu necessito, são vocês, vocês mesmos! Só em ver a boa
mudança em seus corações, todos podem ver que nós fazemos uma obra de valor
entre vocês” (2 Co 3.2, BV).
1. Não dá para cumprir o
chamado missionário sem o árduo esforço da unidade.
Uma igreja desunida é uma igreja com pouca relevância, que não sente
profundamente a dor do outro, não enxerga as chagas do próximo. Seu ensino
sobre a vida parece frio e superficial, porque seu olhar é fechado em si mesmo.
Essa verdade é relevante tanto para as igrejas locais -- que precisam
desenvolver ações em parceria que proclamem com mais consistência o evangelho
da reconciliação que precisa, por exemplo, olhar com mais compaixão para os
cristãos que vivem em contextos de evidente perseguição religiosa.
“A unidade de Cristo não pode ser criada, é uma ação do Espírito. Por meio da
verdade do evangelho, do Espírito, somos o Corpo de Cristo. Deus pede que
vivamos de maneira digna da vocação a que fomos chamados. As divisões não são
por diferenças teológicas, mas por orgulho”. Vaughan Roberts
2.
A verdade é importante e não anda sozinha.
Assim como um náufrago precisa de terra firme, é ingênuo achar que nossa
geração não precisa de -- e não clama por -- referências claras e absolutas. No
entanto, em um mundo relativista, pluralista e indiferente a questões
dogmáticas, como defender a verdade única do evangelho sem perder a dimensão
pessoal, amorosa e humilde daquele que é a própria verdade, Jesus Cristo?
“Oro para que não
haja dúvidas de que a verdade é uma questão fundamental e decisiva para este
congresso e para nós, como evangélicos. A verdade não é essencialmente uma
questão filosófica, mas teológica. Deus é verdade, o seu Espírito é o Espírito
da verdade; sua Palavra é verdade, nossa fé é verdade, e, a menos que sejamos
seguros e firmes quanto à verdade, este congresso pode terminar agora”. Os
Guinness
3. A igreja é global e as
antigas categorias para delimitá-la precisam ser atualizadas à luz da
globalização.
O fenômeno da
globalização ficou evidente em vários aspectos do congresso. O evento foi
mundial; a tecnologia permitiu que 100 mil pessoas o acompanhassem pela
internet. Ouvimos experiências de igrejas europeias que já não são tão
homogêneas, mas têm nos bancos gente de diversas nacionalidades e provenientes
de países pobres. Além desses aspectos, Lausanne 3 nos ajudou a pensar que a
igreja cristã não pode mais ser desenhada simplesmente em termos geográficos.
“Cristãos conscientes
não podem ignorar a extrema pobreza de milhões de pessoas, gerada pelo atual
sistema econômico global controlado, em grande medida, por uma classe corrupta
transnacional.” René Padilla
4.
O texto bíblico e a oração são riquezas incalculáveis.
Esses dois recursos
nos renovam quando as circunstâncias exigem algo mais do que argumentos
humanos. São fonte de poder, de arrependimento, de amor e de sabedoria; são
canais da obra do Espírito Santo no espírito humano. Abandonar essas duas práticas
ou deixá-las em segundo plano é perder-se na caminhada. O texto bíblico e a
oração são pilares para a compreensão orgânica da igreja de Cristo.
5.
Os jovens são a grande força missionária.
Coragem, idealismo, paixão
por Cristo e pelas pessoas -- esses são os recursos necessários para a mudança
de geração, sem perder a herança histórica. Valorizar e reconhecer a juventude
nos ajuda a celebrar o Corpo de Cristo, de tantas idades, e a discernir melhor
as muitas faces e a velocidade do nosso tempo.
Além
disso, por sua grandiosidade e relevância, Lausanne 3 não pode ser assimilado a
curto prazo. Os jovens são personagens fundamentais para que as mais
significativas mudanças aconteçam dentro e fora da igreja de Cristo. Não é à
toa que 40% dos participantes eram pessoas com idade entre 20 e 40 anos. O
esforço dos organizadores para que houvesse, de fato, uma representatividade de
jovens líderes reforça a esperança de que o evangelho continuará sendo
anunciado em todos os lugares, sem deixar de enfrentar as principais questões
contemporâneas.
Ao
mesmo tempo, essa evidência aumenta a responsabilidade dos mais velhos. É
preciso apoiar e pastorear nossos jovens nos mais desafiadores contextos: nas
periferias das grandes cidades, nas igrejas, nas escolas, nas universidades e
outros lugares. Juntos, jovens e velhos precisam caminhar em alegria e em
confiança. Enquanto os jovens devem honrar a sabedoria dos mais velhos, estes
devem permitir que aqueles liderem projetos e comunidades até então sob suas
responsabilidades.
APLICAÇÃO
O Congresso e o Pacto
de Lausanne ajudaram à Igreja a redescobrir a sua missão: “o Evangelho todo,
para o homem todo e para todos os homens”. É a missão que deve integrar todas as
dimensões da vida, e segundo Robinson Cavalcanti deve envolver: a) proclamar as
boas novas do reino; b) ensinar, batizar e instruir os convertidos; c)
responder às necessidades humanas por serviço em amor; d) procurar transformar
as estruturas iníquas da sociedade; e) defender a vida e a integridade da
criação.
MEMORIZAR VERSÍCULO
“Havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele (Jesus), reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.” Colossenses 1:20
QUESTÕES
Como o movimento
Lausanne tem contribuído para entender a missão da Igreja?