domingo, 29 de maio de 2011

Florence Nightingale (Biografia IV)

Por Pedro Paulo Valente

A História do Cristianismo Através dos Séculos (aula 14)
Escolhi os plantões, porque sei que o escuro da noite amedronta os enfermos.
Escolhi estar presente na dor porque já estive muito perto do sofrimento.
Escolhi servir ao próximo porque sei que todos nós um dia precisamos de ajuda.
Escolhi o branco porque quero transmitir paz.
Escolhi estudar métodos de trabalho porque os livros são fonte de saber.
Escolhi ser enfermeira porque amo e respeito a vida!

TEXTO BASE: Lucas 10:29-37

OS PRIMEIROS ANOS
Florence nasceu em 12 de maio de 1820 na cidade de Florença, na Itália. Por isso Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nascera. Oriunda de família cristã, rica e bem relacionada com a alta classe da sociedade, a menina recebeu excelente formação na infância. Nightingale estudou vários idiomas (francês, latim e alemão), música (piano e canto), artes e matemática.

As leituras bíblicas com a mãe e as constantes visitas a lugares pobres durante as caminhadas diárias, produziram em Florence uma compaixão por aqueles que sofrem. Desde a infância Nightingale sentia que Deus a estava "chamando", mas ela não sabia qual vocação seria essa. Sua fé era a força motriz ao longo de sua vida, e antes de seu 17º aniversário, ela sentiu que ouviu "a voz" de Deus falando com ela. Aos poucos sentia que Deus a estava chamando para ser enfermeira - uma idéia chocante para a época. Enfermagem não era um emprego para pessoas inteligentes e mulheres de boa aparência como a jovem Florence. Apenas mulheres com idade avançada e sem muitas opções de emprego exerciam a enfermagem para sobreviver. Seus pais ficaram horrorizados.

CONFLITO NA FAMÍLIA
Florence visitou muitas cidades européias quando jovem. Em 1948, numa visita a Roma ela aproveitou para conhecer conventos e hospitais administrados por freiras católicas. Um ano depois, Florence viajou para o Egito e Grécia, em busca de hospitais, bem como visitar as ruínas antigas. Ao invés de se esquecer da enfermagem como seus pais esperavam, a determinação de Nightingale, crescia ainda mais forte.

Florence se sentia cada vez mais aprisionada por sua vida de luxo e de deveres sociais - ou a "tirania" da sala, como ela escreveu. Sua família estava chateada e decepcionada com a sua obsessão com a enfermagem, e sua recusa em se casar. Florence foi proibida de passar alguns meses num hospital em Salisbury, porém ela não desanimou, e estudava enfermagem em segredo, desejando fazer algo maior com a sua vida e servir o próximo.

TORNANDO-SE UMA ENFERMEIRA
Florence, finalmente recebeu permissão dos pais para estudar enfermagem num centro de treinamento em Kaiserswerth, uma comunidade religiosa perto de Dusseldorf, na Alemanha, onde um pastor protestante, Theodore Fliedner, e sua esposa dirigiam um hospital, orfanato e colégio. Nightingale aprendeu sobre as propriedades dos medicamentos, como fazer curativos, observou amputações e cuidou dos doentes e moribundos. Ela nunca se sentiu tão feliz. "Agora eu sei o que é amar a vida", escreveu ela.

De volta à Inglaterra, a mãe de Florence finalmente permitiu que a filha fosse enfermeira. Ela conseguiu emprego numa casa particular de cuidados para mulheres da alta sociedade. Seu pai lhe dava uma generosa ajuda de 500 libras por ano.

Quando a cidade de Londres foi acometida por uma epidemia de cólera em 1854, Florence correu para ajudar as vítimas nas proximidades do hospital Middlesex. A cólera havia matado milhares de pessoas durante o século 19.

No outono de 1854, a Grã-Bretanha e a França se juntaram a sua aliada, a Turquia, e declaram guerra contra a Rússia na Criméia. Florence estava em casa quando leu no jornal sobre a falta de uma boa assistência médica para os soldados feridos na frente de batalha, centenas deles estavam morrendo de doenças devido a situação precária de atendimento e acomodação dos feridos. “As condições tornaram-se horríveis, devem os homens morrer em agonia e ignorados” escreveu o repórter do jornal britânico The Times. O escândalo provocou um clamor público.

Sidney Herbert, o ministro da Guerra, já sabia do interesse de Nightingale em ajudar, e pediu-lhe para supervisionar uma equipe de 38 enfermeiras nos hospitais militares na Turquia. Em novembro de 1854, ela chegou a Scutari, na Turquia, para encontrar os hospitais superlotados. Tudo era escasso - alimentos, cobertores e camas. As vítimas chegavam após uma longa viagem, sujas e muitas vezes quase mortas de fome.

A condição anti-higiênica dos hospitais militares permitia que doenças como cólera e tifo fossem comuns entre os pacientes. Isto significava que soldados feridos tinham sete vezes mais chances de morrer de uma doença hospitalar do que no campo de batalha. A melhoria nas condições sanitárias impostas por Florence resultou num decréscimo no número de mortes. Já em fevereiro de 1855 as taxas de mortalidade caíram de 60% pra 42,7%. Através do estabelecimento do suprimento de água fresca bem como da utilização de fundos próprios para comprar frutas, vegetais e equipamentos hospitalares, a taxa de mortalidade na primavera caiu para 2,2%.

As histórias de devoção de Florence para os feridos de guerra logo chegaram a Grã-Bretanha. A primeira imagem mostrando Florença como a "Dama da Lâmpada" apareceu nos jornais ilustrados de Londres no início de 1855. Sua fama logo se espalhou e imagens suas eram observadas em “suvenir”, e sua história era anunciada em músicas e poemas.

A COMISSÃO REAL
No retorno a Londres, em agosto de 1856, quatro meses após a assinatura do tratado de paz, Florence descobriu que os soldados durante os tempos de paz, com idades variando de 20 a 35 anos, tinham uma taxa de mortalidade que era o dobro da dos civis. Utilizando, estas estatísticas, ela mostrou a necessidade de uma reforma nas condições sanitárias de todos os hospitais militares. Com a divulgação do caso, ela ganhou a atenção da rainha Vitória e do príncipe Albert. Seu desejo, por uma investigação formal, foi atendido em maio de 1857 e levou ao estabelecimento da Comissão Real Sobre a Saúde nas Forças Armadas. Em 1858, por suas contribuições para as forças armadas e para a estatística hospitalar, Florence tornou-se a primeira mulher a ser eleita membro da Sociedade Estatística Real.

“Era chocante a alta taxa de mortalidade de soldados britânicos em tempos de paz. As condições no quartel do exército eram tão ruins, que poderia ser comparado com uma baixa anual de 1100 soldados em tempo de guerra.” Florence Nightingale
ESCOLA E O DESENVOLVIMENTO DA ENFERMAGEM
Durante a guerra da Criméia, um fundo público de formação de enfermeiros foi criado para homenagear Florence, mais de 44 mil libras foram arrecadadas, o equivalente a 2 milhões de dólares hoje. Com esse dinheiro foi inaugurada em 1860 a Escola de Treinamento Nightingale e a Casa das Enfermeiras sediadas no hospital St Thomas em Londres. O dinheiro do fundo também foi usado para criar uma escola de parteiras no King's College Hospital, em Londres.

As instituições foram baseadas em dois princípios. Primeiro que as enfermeiras deveriam receber treinamento prático em hospitais especialmente organizados para este fim. Segundo que as enfermeiras deveriam viver em uma casa baseada em princípios morais e de disciplina. Devido à fundação desta escola, Nightingale conseguiu com que a enfermagem passasse de um passado desprestigiado para uma carreira responsável e respeitável para as mulheres. Florence prestou, por solicitação do gabinete de guerra britânico, assessoria sobre cuidados médicos para as forças armadas no Canadá e foi também consultora do governo americano sobre saúde militar durante a guerra civil americana.

Em 1860 a sua obra mais conhecida foi publicada. Notas sobre a Enfermagem, no qual ressaltou a importância de observar os sintomas de seu paciente e suas necessidades, bem como a importância da limpeza, da ventilação de ar fresco e de uma dieta correta. Este foi o primeiro livro texto publicado especificamente para a utilização no ensino de enfermagem e foi traduzido para muitas línguas.

Florence estudou o projeto dos hospitais na Grã-Bretanha e na Europa. Ela sabia que a má concepção desses projetos prejudicaria o exercício da enfermagem e dos cuidados médicos. Os arquitetos e médicos de vários lugares do mundo pediram seu conselho para projetar hospitais modernos, como fez o rei de Portugal e a rainha da Holanda.

ANOS POSTERIORES
Por uma boa parte do resto da sua vida Nightingale esteve acamada devido a uma doença contraída na Criméia, febre tifóide, que a impossibilitou de continuar seu trabalho como enfermeira. Esta doença, entretanto, não a impediu de continuar fazendo campanha para a melhora dos padrões de saúde. Ela publicou cerca de 200 livros, relatórios e panfletos.

Florence Nightingale acreditava profundamente que o seu trabalho foi um chamado de Deus. Em 1874 ela tornou-se membro honorário da ASA (Associação Estatística Americana) e em 1883 a rainha Vitória a condecorou com a Cruz Vermelha Real por seu trabalho. Ela foi, também, a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito de Edward VII em 1907.

Florence faleceu em 13 de agosto de 1910 aos 90 anos de idade. Ela foi enterrada na Igreja St. Margaret, em Londres. Nightingale nunca se casou, embora não tenha sido por falta de oportunidade. Ela acreditava, no entanto, que Deus tinha claramente sinalizado que ela seria uma mulher solteira.

O monumento Criméia, erigido em 1915, em Waterloo, Londres, foi executado em homenagem a contribuição que Florence Nightingale fez por esta guerra e pela saúdes dos soltados que nela tomaram parte.

O LEGADO DA ENFERMEIRA NIGHTINGALE
As idéias de Florence mudaram completamente a abordagem da sociedade para a enfermagem e seu legado permanece forte até hoje. Sua abordagem holística, para cuidar da saúde de uma pessoa, a importância do bem-estar físico e mental, e sua convicção de que é necessária sensibilidade às necessidades do paciente foi fundamental para a recuperação destes.

Florence trouxe prestígio a enfermagem, trouxe padronização aos procedimentos médicos, promoveu centros de formação de profissionais, produziu materiais didáticos para a instrução dos profissionais e desenvolvimento da ciência, sensibilizou a opinião pública quanto às situações precárias dos soldados e por fim, foi uma crítica severa à estupidez das guerras.

“É necessária uma certa dose de estupidez para se fazer um bom soldado.”

“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!”

APLICAÇÃO
A vida de Florence Nightingale nos mostra o exemplo de alguém que levou o mandamento de Jesus – amar o próximo como a si mesmo – até as últimas conseqüências, alguém que encarnou a figura do bom samaritano da parábola de Jesus.

Florence atendeu ao chamado de Deus com muito zelo, e ainda adolescente compreendeu que fora chamada para servir aos que sofrem. Sua vida inspirou diversas pessoas, nas quais destacam-se duas:
  • Agatha Christie - Tornou-se voluntária da Cruz Vermelha Britânica, em Torquay, em outubro de 1914, onde ela cuidou de soldados que haviam lutado na Primeira Guerra Mundial. Ela foi voluntária até 1917, quando começou a distribuição de medicamentos para o hospital. Ela estudou para seu exame Hall Apothecaries, e aprendeu tudo sobre drogas, venenos e seus efeitos, conhecimento este que utilizou com maestria nos seus romances de ficção investigativa.
  • Madre Teresa - Mundialmente famosa missionária que fundou a ordem das Missionárias da Caridade. Ela não era uma enfermeira treinada, mas estabeleceu hospitais e lares de crianças, em primeiro lugar em Calcutá, na Índia, e depois em diversos outros lugares do mundo.


QUESTÕES
O que a vida de Florence nos ensina sobre o “chamado de Deus”?
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Como Nightingale se assemelha ao bom samaritano da parábola contada por Jesus?
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O quanto custou para Florence servir a Deus?
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Como a obediência de Nightingale mudou o mundo?
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MEMORIZAR VERSÍCULO
"Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e ame o seu próximo como a si mesmo" Lucas 10:27

MATERIAL UTILIZADO

Um comentário:

  1. É lindo ver como uma pessoa representa tão bem o amor ao próximo...

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