TEXTO BASE: Colossenses1:9-23
INTRODUÇÃO
Uma discussão
bastante comum na Igreja contemporânea é sobre a relação da proclamação do
evangelho e a promoção da justiça na evangelização e missão da Igreja. Qual é o
mais importante? O que vem antes?
O movimento de Lausanne nos ajudou
muito nesta temática, lembrando-nos da missão inacabada de proclamar o
evangelho a toda criatura e ao mesmo tempo não se esquecer de que o evangelho
deve promover mudanças profundas na nossa sociedade combatendo o mal, um tema
muito comum nos ensinos de Jesus e dos apóstolos.
MOVIMENTO LAUSANNE
A história de
Lausanne começa com o evangelista Dr. Billy Graham. Como
ele começou a pregar internacionalmente, ele desenvolveu uma paixão para
"unir todos os evangélicos na tarefa comum de evangelização total do
mundo".
John Stott e Billy Graham
Em
1966, a Associação Evangelística Billy Graham, em parceria com a revista
americana “Christianity Today” (Cristianismo Hoje), patrocinou o Congresso
Mundial de Evangelismo em Berlim. Este
encontro atraiu 1.200 delegados de mais de 100 países, e inspirou outras
conferências em Cingapura (1968), Minneapolis e Bogotá (1969) e Austrália
(1971). Pouco
depois, Billy Graham percebeu a necessidade de um congresso maior e mais
abrangente para discutir a missão cristã em um mundo de muita agitação social,
política, econômica e religiosa. A
Igreja, ele acreditava, devria aplicar o evangelho ao mundo contemporâneo, e
trabalhar para compreender as ideias e os valores por trás das mudanças rápidas
na sociedade. Ele
compartilhou seu pensamento com 100 líderes cristãos, provenientes de todos os
continentes, e juntos organizaram o primeiro congresso de Lausanne.
Em
julho de 1974, cerca de 2.700 participantes e convidados de mais de 150 nações
se reuniram em Lausanne, na Suíça, durante dez dias de discussão, adoração,
comunhão e oração. Dada
a variedade de nacionalidades, etnias, idades, ocupações e igreja afiliadas, a revista
“TIME” descreveu como "um fórum formidável, possivelmente a reunião mundial
mais representativa e abrangente dos cristãos já realizada".
O
congresso contou com a participação de alguns dos pensadores cristãos mais
respeitado do mundo na época, incluindo Samuel Escobar, Francis Schaeffer,
Henry Carl e John Stott. Numa
das assembleias, o missionário presbiteriano Ralph Winter introduziu o termo "povos
não alcançados", lembrando que milhares de grupos étnicos permanecem sem
um único cristão, e sem acesso às Escrituras na sua língua, de modo que a evangelização
transcultural precisava ser a tarefa primordial da Igreja.
A
grande conquista do congresso foi o desenvolvimento do Pacto de Lausanne. John
Stott presidiu o comitê de redação e é melhor descrito como arquiteto-chefe. O
pacto foi uma aliança com Deus e declarado publicamente, sendo um dos
documentos mais amplamente utilizado na história da igreja moderna. O
Pacto tem ajudado a definir a teologia evangélica e sua prática, e montado o
palco para muitas novas parcerias e alianças. No
último dia do congresso, o documento foi publicamente assinado por Billy Graham
e pelo bispo anglicano Jack Dain de Sydney, na Austrália. Desde
então, o pacto de Lausanne foi assinado pessoalmente por milhares de crentes, e
continua a servir de base para a unidade e uma chamada à evangelização global.
Mais
de 70% dos presentes no congresso pediram que uma comissão fosse estabelecida
para dar continuidade a discussão que se iniciara. Em
janeiro de 1975 este grupo, nomeado pelo congresso, reuniu-se na Cidade do
México com o Bispo Jack Dain na cadeira. Alguns
membros pressionado por um foco exclusivo na evangelização, outros a favor de
uma abordagem mais ampla, holística. O
Comitê concordou em um objetivo unificado para "promover a missão global
da Igreja, reconhecendo que nesta missão o evangelismo é primário, e que a
nossa preocupação especial deve ser o [então 2,7 bilhões] de pessoas não
alcançadas do mundo. Este objetivo continua a caracterizar o Movimento Lausanne”.
Desde
1974, dezenas conferências relacionadas com Lausanne têm sido convocadas. Encontros
globais que incluem a Consulta sobre Evangelização Mundial (Tailândia 1980), a
Conferência de Jovens Líderes (Cingapura 1987 e Malásia 2006), o Fórum para a
Evangelização Mundial (Tailândia 2004). Lausanne tem inspirado muitas redes
regionais como ABUB (Aliança Bíblica Universitária do Brasil), RENAS (Rede
Evangélica Nacional de Ação Social), Rede Miquéias, entre outros.
O
segundo congresso principal, conhecido como Lausanne ll (Manila, Filipinas,
Julho de 1989) atraiu 3.000 participantes de 170 países, incluindo Europa
Oriental e da União Soviética, mas, infelizmente, não a China. Lausanne
ll produziu o Manifesto de Manila, como uma expressão corporativa de seus
participantes.
O
Terceiro Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial foi realizada em Cape
Town, África do Sul, entre os dias 16 e 25 de outubro de 2010. O
objetivo do Cape Town 2010 foi estimular o espírito de Lausanne, conforme
representado no Pacto de Lausanne, e assim promover a unidade, a humildade em
serviço, e uma chamada à evangelização global. Cerca de 4.000 líderes de 198
países compareceram como participantes e observadores.
Leia o Pacto de Lausanne na íntegra: aqui
EVANGELIZAÇÃO PELO
TESTEMUNHO
Em sua palestra no 1º
Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em Lausanne, Suíça,
em julho de 1974, o teólogo argentino C. René Padilla lembrou que, por trás do
êxito de José no Egito, de Ester na Pérsia e de Daniel na Babilônia, estava o
testemunho desses três notáveis servos de Deus. A influência deles em três
diferentes nações politeístas do Oriente Médio em três diferentes épocas
resultou na abertura de muitas portas e em acontecimentos jamais esperados. Na
evangelização a credibilidade da igreja e dos crentes vale mais do que qualquer
outra coisa. Quem não vive o que diz crer e o que anuncia deve calar-se. Pois a
sua pregação seria, na verdade, uma evangelização ao contrário. É por essa
razão que São Francisco de Assis dizia com certo sarcasmo: “Evangelize sempre;
se necessário, use palavras”.
Tullio
Ossana, professor de teologia moral em Roma, afirma que a evangelização depende
em grande parte da capacidade e das virtudes do evangelizador, que deve ser
fiel e merecer credibilidade, deve levar consigo a força e a capacidade do
profeta, deve acolher e viver em si mesmo a mensagem que anuncia, deve saber
amar o homem que, através da mensagem, Deus quer salvar.
Nada
disso é novidade. Pois Jesus, antes de enviar os doze para pregar o evangelho e
curar os doentes (Lc 9.1-6), antes de enviar os setenta “a todas as cidades e
lugares para onde ele estava prestes a ir” (Lc 10.1) e antes de enviar os
discípulos pelo mundo todo para pregar o evangelho a todas as pessoas (Mc
16.15), disse-lhes claramente: “Vocês são o sal para a humanidade; mas se o sal
perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada [senão para ser]
jogado fora e pisado pelas pessoas que passam” (Mt 5.13, NTLH). Jesus reforça o
papel do testemunho, acrescentando: “Vocês são a luz para o mundo” e essa luz
“deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem
o Pai de vocês que está no céu” (Mt 5.14,15, NTLH). O que somos (por dentro e por
fora) e o que fazemos pesa muito mais que o que anunciamos verbalmente.
Precisamos ser o que Jesus foi: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”
(Jo 9.5).
Paulo
reforça o discurso de Jesus e diz que nós somos o bom perfume de Cristo: “Como
um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que
Cristo seja conhecido por todas as pessoas” (2 Co 2.15, NTLH). Na mesma
epístola, Paulo insiste mais uma vez na eficácia do testemunho: “A única carta
[de apresentação] que eu necessito, são vocês, vocês mesmos! Só em ver a boa
mudança em seus corações, todos podem ver que nós fazemos uma obra de valor
entre vocês” (2 Co 3.2, BV).
CINCO LIÇÕES DE
LAUSANNE 3
1. Não dá para cumprir o
chamado missionário sem o árduo esforço da unidade.
Uma igreja desunida é uma igreja com pouca relevância, que não sente profundamente a dor do outro, não enxerga as chagas do próximo. Seu ensino sobre a vida parece frio e superficial, porque seu olhar é fechado em si mesmo. Essa verdade é relevante tanto para as igrejas locais -- que precisam desenvolver ações em parceria que proclamem com mais consistência o evangelho da reconciliação que precisa, por exemplo, olhar com mais compaixão para os cristãos que vivem em contextos de evidente perseguição religiosa.
Uma igreja desunida é uma igreja com pouca relevância, que não sente profundamente a dor do outro, não enxerga as chagas do próximo. Seu ensino sobre a vida parece frio e superficial, porque seu olhar é fechado em si mesmo. Essa verdade é relevante tanto para as igrejas locais -- que precisam desenvolver ações em parceria que proclamem com mais consistência o evangelho da reconciliação que precisa, por exemplo, olhar com mais compaixão para os cristãos que vivem em contextos de evidente perseguição religiosa.
“A unidade de Cristo não pode ser criada, é uma ação do Espírito. Por meio da verdade do evangelho, do Espírito, somos o Corpo de Cristo. Deus pede que vivamos de maneira digna da vocação a que fomos chamados. As divisões não são por diferenças teológicas, mas por orgulho”. Vaughan Roberts
2. A verdade é importante e não anda sozinha.
Assim como um náufrago precisa de terra firme, é ingênuo achar que nossa geração não precisa de -- e não clama por -- referências claras e absolutas. No entanto, em um mundo relativista, pluralista e indiferente a questões dogmáticas, como defender a verdade única do evangelho sem perder a dimensão pessoal, amorosa e humilde daquele que é a própria verdade, Jesus Cristo?
“Oro para que não
haja dúvidas de que a verdade é uma questão fundamental e decisiva para este
congresso e para nós, como evangélicos. A verdade não é essencialmente uma
questão filosófica, mas teológica. Deus é verdade, o seu Espírito é o Espírito
da verdade; sua Palavra é verdade, nossa fé é verdade, e, a menos que sejamos
seguros e firmes quanto à verdade, este congresso pode terminar agora”. Os
Guinness
3. A igreja é global e as
antigas categorias para delimitá-la precisam ser atualizadas à luz da
globalização.
O fenômeno da
globalização ficou evidente em vários aspectos do congresso. O evento foi
mundial; a tecnologia permitiu que 100 mil pessoas o acompanhassem pela
internet. Ouvimos experiências de igrejas europeias que já não são tão
homogêneas, mas têm nos bancos gente de diversas nacionalidades e provenientes
de países pobres. Além desses aspectos, Lausanne 3 nos ajudou a pensar que a
igreja cristã não pode mais ser desenhada simplesmente em termos geográficos.
“Cristãos conscientes
não podem ignorar a extrema pobreza de milhões de pessoas, gerada pelo atual
sistema econômico global controlado, em grande medida, por uma classe corrupta
transnacional.” René Padilla
4. O texto bíblico e a oração são riquezas incalculáveis.
Esses dois recursos
nos renovam quando as circunstâncias exigem algo mais do que argumentos
humanos. São fonte de poder, de arrependimento, de amor e de sabedoria; são
canais da obra do Espírito Santo no espírito humano. Abandonar essas duas práticas
ou deixá-las em segundo plano é perder-se na caminhada. O texto bíblico e a
oração são pilares para a compreensão orgânica da igreja de Cristo.
5. Os jovens são a grande força missionária.
Coragem, idealismo, paixão
por Cristo e pelas pessoas -- esses são os recursos necessários para a mudança
de geração, sem perder a herança histórica. Valorizar e reconhecer a juventude
nos ajuda a celebrar o Corpo de Cristo, de tantas idades, e a discernir melhor
as muitas faces e a velocidade do nosso tempo.
Além
disso, por sua grandiosidade e relevância, Lausanne 3 não pode ser assimilado a
curto prazo. Os jovens são personagens fundamentais para que as mais
significativas mudanças aconteçam dentro e fora da igreja de Cristo. Não é à
toa que 40% dos participantes eram pessoas com idade entre 20 e 40 anos. O
esforço dos organizadores para que houvesse, de fato, uma representatividade de
jovens líderes reforça a esperança de que o evangelho continuará sendo
anunciado em todos os lugares, sem deixar de enfrentar as principais questões
contemporâneas.
Ao
mesmo tempo, essa evidência aumenta a responsabilidade dos mais velhos. É
preciso apoiar e pastorear nossos jovens nos mais desafiadores contextos: nas
periferias das grandes cidades, nas igrejas, nas escolas, nas universidades e
outros lugares. Juntos, jovens e velhos precisam caminhar em alegria e em
confiança. Enquanto os jovens devem honrar a sabedoria dos mais velhos, estes
devem permitir que aqueles liderem projetos e comunidades até então sob suas
responsabilidades.
APLICAÇÃO
O Congresso e o Pacto
de Lausanne ajudaram à Igreja a redescobrir a sua missão: “o Evangelho todo,
para o homem todo e para todos os homens”. É a missão que deve integrar todas as
dimensões da vida, e segundo Robinson Cavalcanti deve envolver: a) proclamar as
boas novas do reino; b) ensinar, batizar e instruir os convertidos; c)
responder às necessidades humanas por serviço em amor; d) procurar transformar
as estruturas iníquas da sociedade; e) defender a vida e a integridade da
criação.
MEMORIZAR VERSÍCULO
“Havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele (Jesus), reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.” Colossenses 1:20
QUESTÕES
Como o movimento
Lausanne tem contribuído para entender a missão da Igreja?
___________________________________________________
O que você entende
quando ouve o termo “missão integral”?
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Qual a importância do
meu testemunho na evangelização?
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Como o evangelho pode
contribuir para transformar a cultura através da Igreja?
___________________________________________________
MATERIAL UTILIZADO
·
The Lausanne Moviment,
site oficial < http://www.lausanne.org/en
>
· Revista Ultimato edições 286 e 328 – Materia de Capa < http://www.ultimato.com.br/revista
>
Um grande abatimento me atinge a alma, o convívio em uma igreja ("histórica e reformada"), mas com "líderes" que insistem em ensinar a ideia das doutrinas personalizadas como regras absolutas, corretas e inquestionáveis, em detrimento das outras denominações religiosas, penso que esse é o maior entrave à necessária reforma religiosa em nosso tempo. Que os encontros do movimento de Lausanne, possam gerar frutos regados pelo Espirito de Deus, e, num tempo oportuno trazer refrigério à almas desalentadas e sedentas como a minha, tão somente para Sua Igreja, líderes destituídos do ego-conhecimento, salvação de almas e Glória d'Ele.
ResponderExcluir...e penso que a forma ou meio de Deus para promover o tão sonhado avivamento ou reforma da igreja (no Brasil), é senão através de uma tão severa perseguição, por meio da qual O Senhor depurará e revelará os seus, em sua Igreja.
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