Por Pedro Paulo Valente
TEXTO BASE:I Timóteo 4:1-6, 6:6-10
INTRODUÇÃO
O ano de 590 constituiu um divisor de águas entre o período antigo da história da Igreja e o período medieval, como o início de uma nova era de poder para a Igreja no Ocidente, inaugurada pelo papado de Gregório I. Um momento no qual a Igreja, liderada pelo bispo de Roma deteve o poder político do Império.
GREGÓRIO, O GRANDE

No ano de 590, Gregório foi escolhido bispo de Roma. Sua maior obra foi aumentar a influência política do bispo de Roma, e embora não reivindicasse para si o título de papa, exerceu todos os poderes e privilégios dos papas posteriores, tornando-se o primeiro papa universal.
Gregório foi o organizador do canto gregoriano, contribuindo para a forma da liturgia na Igreja Medieval. Ele também teve uma proeminência no campo da teologia, sendo considerado um dos grandes doutores da Igreja Ocidental. Ele sistematizou a doutrina e fez da Igreja uma potência na área da política.
Vejamos algumas das idéias de Gregório que influenciaram a teologia medieval:
• O homem é um pecador por nascimento e escolha, herdando de Adão o pecado como uma doença a que todos estão sujeitos.
• A vontade do homem é livre, porém a sua bondade foi perdida.
• A predestinação limitada aos eleitos.
• A graça não é irresistível, está fundamentada na presciência de Deus e no mérito do homem.
• As almas são purificadas no purgatório, antes de entrarem nos céus.
• A Bíblia foi inspirada por Deus, porém a tradição tem a mesma autoridade que as Escrituras.
• A ceia é um sacrifício do corpo e do sangue de Cristo que se repete todas as vezes que é celebrada – doutrina da transubstanciação.
• A importância das boas novas e a invocação dos santos para alcançar o favor de Deus.
SURGIMENTO E IMPACTO DO ISLAMISMO
O Islamismo teve suas origens na península árabe, através de Maomé (570-632), um mercador que chegou a ter contato com o Cristianismo e o Judaísmo através de viagens à Síria e Palestina, as únicas religiões monoteístas até então.
Em 610, Maomé sentiu um chamado divino para proclamar o monoteísmo. Maomé não rejeitou completamente o judaísmo e o cristianismo, duas religiões monoteístas já conhecidas pelos árabes. Em vez disso, informou que tinha sido enviado por Deus para restaurar os ensinamentos originais destas religiões, que tinham sido corrompidos e esquecidos.
Ele afirmava ter recebido a visita do anjo Gabriel, que lhe ordenou que recitasse uns versos enviados por Deus, e comunicou que Deus o havia escolhido como o último profeta enviado à humanidade. Maomé deu ouvidos à mensagem do anjo e, após sua morte, estes versos foram reunidos e integrados no Alcorão, durante o califado de Abu Bakr.
Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmico que se estendeu da Pérsia até a Península Ibérica.
As porções oriental e ocidental da Igreja se enfraqueceram com as perdas pessoais e territoriais para o islamismo. A sólida Igreja do norte da África desapareceu, e a Terra Santa e o Egito foram perdidos. Os islamitas resistiram obstinadamente aos esforços do papado e dos cruzados de reconquistar a Terra Santa e, desde então, tem resistido duramente a qualquer tentativa de missionários cristãos de propagação do cristianismo entre os mulçumanos.
A religião islâmica
A principal fonte da religião mulçumana é o Alcorão, composto por 114 capítulos, dos quais o maior fica no começo; os capítulos vão diminuindo em extensão até o último que tem apenas três versículos. O livro é repetitivo e desorganizado.
A crença em um Deus, conhecido como Alá, é o tema central do islamismo. Ala fez conhecida a sua vontade através de 25 profetas, entre os quais se encontram personagens bíblicos como Abraão, Moisés e Cristo; Maomé é porém o último e o maior dos profetas. Os mulçumanos negam a divindade de Cristo quanto a sua morte na cruz. Fatalista, a religião propõe uma submissão passiva à vontade de Alá. Após o julgamento, os homens gozarão de um paraíso sensual ou enfrentarão o terror do inferno.
O bom mulçumano ora 5 vezes ao dia com o rosto voltado a Meca. Jejum e obras de caridade são importantes. Os mulçumanos santos são aqueles que, pelo menos uma vez na vida, fazem uma peregrinação a Meca.
ATIVIDADES MISSIONÁRIAS
Enquanto grande parte da energia da Igreja Oriental foi gasta na luta para evitar que os mulçumanos conquistassem Constantinopla, a Igreja no Ocidente empreendeu várias campanhas missionárias entre os séculos VI e IX para expandir o evangelho a tribos e povoados até então ignorantes a cerca das boas novas de Jesus Cristo.
As atividades missionárias se concentraram nas Ilhas Britânicas, Alemanha, Países Baixos, Itália, Espanha e a Grande Morávia (correspondente as atuais República Checa, Eslováquia e parte da Hungria). Essa impetuosa conquista que, às vezes, convertia e batizava em massa tribos e nações inteiras, suscitou o problema do batismo sem uma experiência pessoal de fé. Esse é, sem dúvida, um problema perene da obra missionária onde quer que a conversão de um líder influente tenha resultado na aceitação coletiva do cristianismo, independentemente se os convertidos tiveram ou não uma experiência genuína de salvação.
A ORIGEM DA IGREJA ORTODOXA GREGA
A Igreja no Oriente esteve sob a jurisdição do Imperador, mas o papa em Roma estava longe de ser submetido ao seu controle. Na ausência de controle político efetivo no Ocidente, com a queda do Império Romano Ocidental (em 476), o papa tornou-se o líder temporal e espiritual em tempos de crise. Os imperadores eram quase papas no Oriente, e no Ocidente os papas eram quase imperadores. Isso deu as duas igrejas uma perspectiva diferente em relação ao poder temporal.
Outro fator de divergência entre as Igrejas foi a formulação de uma teologia ortodoxa. A mente grega do Oriente se interessava mais pela solução de problemas teológicos em termos filosóficos. A maioria das controvérsias teológicas entre 325 e 451 surgiu no Oriente, o que acirrava as disputas entre os bispos do Ocidente e Oriente.
A questão das imagens e esculturas nos templos foi outro fator de disputa entre as igrejas. Acusados pelos mulçumanos de idolatria, o imperador do Oriente, Leão III, em 739 ordenou que tudo, exceto a Bíblia, fosse removido das igrejas. Enquanto a igreja no Ocidente continuou a usar imagens e esculturas no culto, o que aumentou o antagonismo entre os dois grupos.
A interferência do papa na nomeação de patriarcas da Igreja no Oriente era mais um motivo que intensificava as más relações entre as duas igrejas.

Qualquer movimento ecumênico se tornou muito difícil depois dos amargos acontecimentos que separaram a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente. As mútuas excomunhões só foram levantadas em 7 de Dezembro de 1965, pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I, a fim de aproximar as duas Igrejas, afastadas havia séculos. As excomunhões, entretanto, foram retiradas pelas duas Igrejas em 1966. Somente recentemente o diálogo entre elas foi efetivamente retomado, a fim de tentar sanar o cisma.
APLICAÇÃO
O período da Igreja na Idade Média foi um momento de grande expansão do cristianismo, mas ao mesmo tempo de bastante confusão sobre a missão da Igreja.
A grande tentação neste período da história foi o poder e a riqueza que rondaram de perto e acabaram por se concentrar na Igreja institucionalizada, o que interferiu muito na sua pureza, teologia e missão.
QUESTÕES
Observando a história do cristianismo, você acredita que ele contribui positivamente para transformar uma sociedade?
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Quais as conseqüências do papado para o cristianismo?
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Qual o problema da adesão ao cristianismo sem uma experiência de fé pessoal e genuína, a qual denominamos ‘conversão’?
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Quais os perigos que você enxerga na associação da Igreja com o Estado?
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Quais os motivos do primeiro cisma da Igreja? E qual as conseqüências dessa divisão da Igreja?
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Por que Maomé criou uma religião ao invés de aderir a uma das religiões monoteístas já existentes?
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MATERIAL UTILIZADO
• Cairns, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos, São Paulo 2008. Editora Vida Nova.
• McGrath, Alister E. Sistemática, Histórica e Filosófica. Uma Introdução a Teologia Cristã, São Paulo 2005. Shedd Publicações.
• Williams, Terri. Cronologia da História Eclesiástica, São Paulo 1993. Edições Vida Nova.
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